quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O efeito deletério do Álcool no ganho massa muscular



O consumo de bebidas alcoólicas apresenta-se em grande evidência, principalmente entre os jovens. Independente da razão sociocultural, estes jovens são os mesmos que freqüentam os centros fitness (academias, grupos de corredores, etc.) em busca do corpo perfeito. Destaca-se também os jovens atletas que, de acordo com Yusko et al. (2008), O’Brien, et al. (2007) e Martens, et al. (2006) são mais propensos a consumir doses exageradas de álcool que os não atletas.
Enfim, pouco se conhece sobre a interferência do consumo de grandes quantidades de álcool nas adaptações fisiológicas induzidas pelo treinamento. Especificamente, pouco se conhece acerca do efeito do consumo do álcool sobre a síntese protéica muscular pós-exercício.
Um estudo publicado no periódico científico Plos One no início de 2014, desenvolvido por um grupo de pesquisadores da School of Medical Sciences, RMIT University, Australia, investigou, em humanos, o efeito do consumo álcool após uma sessão de exercícios intensos. Para tanto, utilizaram um delineamento de estudo crossver e randomizado (todos passaram pelos mesmos procedimentos). Reuniram 8 indivíduos do sexo masculino, com média de idade de 21 anos e fisicamente ativos. Os voluntários foram submetidos a uma sessão composta por 8 séries de 5 repetições de extensão de pernas a 80% de 1RM, seguidos de 30 minutos de exercício contínuo a 63% da potência de pico (PPO) no ciclo ergômetro, seguido por 10 séries de 30 segundos a 110% da PPO. Todos foram monitorados por aproximadamente 12hs. De 30 em 30 minutos eram feitas coletas sanguíneas, e biópsias musculares nos períodos pré e pós-exercício. Imediatamente após a execução dos exercícios todos consumiram uma refeição de carboidratos ou proteína. De 1-4hs, foram oferecidas bebidas placebo e alcoólica. Os testes foram refeitos 3 vezes em um período de 14 dias, avaliando-se as combinações de álcool mais carboidratos, álcool mais proteínas e apenas proteínas na síntese proteica muscular pós-exercício (Parr et al, 2014).
O álcool promoveu, pelo período monitorado, um efeito deletério sobre a ativação da mTOR, proteína envolvida na ativação da síntese proteica (Figura A). Quando comparado com o consumo apenas de proteínas, a combinação do consumo de álcool com proteínas e álcool com carboidratos, apresentaram redução de aproximadamente 25% e 37% na síntese proteica muscular (Figura B).
Destarte, este estudo salienta o quão se peca na busca incansável de bons resultados. Seja qual for seu objetivo: emagrecimento, hipertrofia muscular ou melhoria de performance, apontando até que atletas são mais propensos a estes consumos exagerados. O consumo do álcool pode interferir, assim, nas respostas fisiológicas ao exercício e consequentemente no rendimento esportivo.

Por Helder Souza.

Referências:
Martens MP, Dams-O'Connor K, Beck NC (2006) A systematic review of college student-athlete drinking: Prevalence rates, sport-related factors, and interventions. J Subst Abuse Treat 31: 305–316. doi: 10.1016/j.jsat.2006.05.004
O’Brien KS, Ali A, Cotter JD, O’Shea RP, Stannard S (2007) Hazardous drinking in New Zealand sportspeople: level of sporting participation and drinking motives. Alcohol Alcohol 42: 376–382.
Parr EB, Camera DM, Areta JL, Burke LM, Phillips SM, Hawley JA, Coffey VG.(2014) Alcohol ingestion impairs maximal post-exercise rates of myofibrillar protein synthesis following a single bout of concurrent training. PLoS One. 9(2):e88384.
Yusko, D. A., Buckman, J. F., White, H. R., & Pandina, R. J. (2008). Risk for excessive alcohol use and drinking-related problems in college student athletes. Addictive Behaviors, 33(12), 1546–1556.

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